1940
Conclui a licenciatura em Filologia Clássica.
Formei-me em 1940, fiz dois anos de estágio e comecei a ser professor, que é aquilo que tenho sido durante toda a minha vida. (Vergílio Ferreira, Um Escritor Apresenta-se: 26)
E assim, quando terminada a sua licenciatura com uma alta classificação como competia ao excelente aluno que sempre fora, me procurou para trocarmos impressões sobre o convite para assistente que lhe fora feito pelo então catedrático de Grego, o célebre Kalifa de Para Sempre (em boa verdade, ‘O Faraó’, como a malta o conhecia) a minha reação foi sacudida e rápida. – “Que horror, Vergílio! Ficar por aqui fossilizado entre raízes, acentos e espíritos quando tem à sua frente um mundo de arte a percorrer, ‘tantas e tão desvairadas gentes’ a conhecer nesta vida de judeu errante que a busca de efetivação lhe vai proporcionar?! A sua identidade é outra, Vergílio! O ensino secundário dá-lhe liberdade para se cumprir. Eu não aceitaria.” E ele não aceitou não por força ou peso desta minha opinião, que um espírito determinado como o seu, quando pede a alguém a opinião, é só para a aceitar quando ela coincide com a sua… Por sorte nossa, a dele era mesmo essa (Mariberta Carvalhal Garcia in “Vergílio Ferreira – O Real e o Mito” – Vergílio Ferreira – Cinquenta Anos de Vida Literária, 1995: 259)
1942
Termina o estágio no Liceu D. João III, em Coimbra e começa a dar aulas em Faro.
Publica o artigo “Teria Camões Lido Platão?” na Biblos e em separata da mesma revista.
1943
Publica o ensaio Sobre o Humorismo de Eça de Queirós na Biblos e em separata da mesma revista. É editado o seu romance de estreia, O Caminho Fica Longe.
1940 – Ano em que conclui em Coimbra o Curso de Filologia Clássica
1944
Leciona no Liceu de Bragança.
Estou de novo em Bragança. Como tudo isto é arcaico! Os colegas são velhos, gordos ou secos, coxos, com tiques como o clássico professor do liceu. Tudo velho, tudo passado. Uma praçazinha aldeã, casas negras, ruas tortuosas. E sempre um ar recolhido de monge na montanha. Onde fica o Algarve brilhante, de casas brancas? Onde fica a Lisboa febril, elétricos, automóveis, buzinas, cartazes luminosos e gente e gente? Onde estás tu, minha Gina? (Vergílio Ferreira, Diário Inédito: 50).
É publicado o romance Onde Tudo Foi Morrendo.
Dá início, em dezembro, à primeira parte do romance inédito Dobrando o Cabo.
1945
Termina a primeira parte de Dobrando o Cabo, não dando, todavia, seguimento ao mesmo que se mantém inédito até hoje. Escreveu, porém e mais tarde, a lápis vermelho, o seguinte comentário: “Livro ingénuo, de jovem. Para deitar fora.”
Inicia as aulas em Évora, no antigo Liceu Nacional, hoje pertença da Universidade da cidade de Aparição.
1946
Casa, em 16 de fevereiro, em Évora, com Regina Kasprzykowski, professora de Educação Visual, nascida a 27 de julho de 1915, no Porto e de ascendência polaca:
A Regina veio de Faro a Évora, onde eu estava, fomos ao Registo, viemos ao café para o ‘copo-d’água’. O copo-d’água foram bolos e um galão. Presente o nosso padrinho de casamento, que foi o Alberto Miranda, meu colega do Liceu. Fez questão de pagar a despesa. Pagou.(Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 3: 17).
Sai o romance Vagão ‘J’
1947
Inicia e termina o romance Promessa, editado postumamente por Fernanda Irene Fonseca e Helder Godinho, em 2010.
1949
Publica Mudança.
1946 – Com professores e alunos do liceu de Évora
1946 – Sai “Vagão J”
1949 – Publica “Mudança”
1950
1954 – Sai Manhã Submersa
1959 – Publica “Aparição”
1953
É editada a coletânea de contos A Face Sangrenta.
1954
Publica Manhã Submersa, romance de adolescência baseado na sua passagem pelo Seminário do Fundão.
Sou absolutamente incapaz de me ‘confessar’ seja a quem for, nem sequer a mim próprio. (…) Possivelmente a arte tem sido para mim a grande catarse destas coisas. Antes de escrever Manhã Submersa sonhava muito com o seminário, com o desejo e impossibilidade de sair dele. Nunca mais sonhei. (Conta-Corrente 1: 43)
Viaja para França, Bélgica e Holanda.
Escreve Apelo da Noite que será uma espécie de versão refundida de O Vale Silencioso, romance que havia iniciado em 1949.
1956
Escreve o romance Cântico Final.
1957
Publica a coletânea de ensaios e leituras Do Mundo Original.
1958
Edita o ensaio Cartas ao Futuro.
1959
Publica o romance Aparição. No início desse ano letivo começa a dar aulas no Liceu Camões, em Lisboa.
1960
1960
A Sociedade Portuguesa de Escritores atribui-lhe o Prémio Camilo Castelo Branco pelo romance Aparição.
Publica o romance Cântico Final.
1962
Publica o ensaio Da Fenomenologia a Sartre, longo prefácio a O Existencialismo é um Humanismo, a sua tradução da obra de Sartre.
Publica o romance Estrela Polar.
1963
Sai o ensaio Interrogação ao Destino, André Malraux e o romance Apelo da Noite. Polémica sobre o neo-realismo com Alexandre Pinheiro Torres, no seguimento do prefácio de Vergílio Ferreira ao romance de estreia de Almeida Faria, Rumor Branco.
1964
Realiza conferências sobre o existencialismo no Instituto Superior Técnico, e sobre a situação atual do romance no Grémio Literário de Lisboa.
1965
Publica a coleção de ensaios Espaço do Invisível 1 e o romance Alegria Breve que recebe o Prémio da Casa da Imprensa.
1967
Realiza uma conferência sobre Raul Brandão fechando as comemorações do Centenário do escritor, em Guimarães. Viagem a Itália.
1968
Aquando da celebração dos vinte cinco anos de atividade literária de Vergílio Ferreira é editada uma edição especial de Aparição, com ilustrações de Júlio Resende e apresentada no Porto e em Lisboa uma exposição bibliográfica.
Polémica sobre o estruturalismo com o jovem Eduardo Prado Coelho, no seguimento do seu prefácio ao livro de Foucault, As Palavras e As Coisas, traduzido por António Ramos Rosa. Um outro texto de Eduardo Lourenço completa a versão portuguesa do mesmo.
1969
É publicada a tradução francesa de Alegria Breve. Edita o ensaio Invocação ao meu corpo.
Viagem a Inglaterra, em outubro desse ano:
Londres é uma cidade provinciana em ponto grande. Não tendo interesses culturais, seria lá que escolheria um exílio; tendo-os (como ainda tenho) seria em Paris, que é onde se põe o visto a toda a cultura do mundo. (Conta-Corrente 1: 56)