1970 a 1996

1970

1971

Publica o romance Nítido Nulo.

Viagem a Barcelona e à Grécia, em finais de agosto

Da Grécia atual, nada visto. Só entrevisto. Terra agreste, montanhosa, apenas verdura no Peloponeso. Não vi um curso de água. Fizemos três viagens ‘turísticas’: a Delfos, á Argólida e uma, por mar, às ilhas Egina e Hidra. (Conta-Corrente 1: 94

1972

Sai a publicação da tradução em espanhol de Nítido Nulo. Em Salamanca nos Cursos para Estrangeiros da Faculdade de Filosofia e Letras, participa na conferência, onde lê o ensaio “Para uma auto-análise literária”.

Publica uma nova coletânea de contos, Apenas Homens.

1973

Conferência em Salamanca sobre “ Romance 73”.

Publicação de Alegria Breve em Espanha;

Com a sua mulher nas ruínas da antiga Corinto (Grécia) – Setembro de 1971

1971: Publica o romance Nítido Nulo.
1974: Publicação do romance Rápida, a Sombra.

1974

Publicação do romance Rápida, a Sombra.

Edição de um LP com quatro textos de Vergílio Ferreira (de Cântico Final, Aparição, Alegria Breve e do conto “Carta”).

Manuel Guimarães realiza o filme “Cântico Final”, inspirado no romance homónimo de Vergílio Ferreira.

1975

Publica vários artigos políticos em diferentes periódicos.

Lauro António realiza o documentário Prefácio a Vergílio Ferreira.

Avenida Vergílio Ferreira, Melo
Regressámos ontem de Melo. (…) Fomos no dia 9, sexta, por causa da cerimónia do dia 11. E a cerimónia foi o descerramento das lápides que dão o meu nome a uma rua de Melo (‘avenida’, se faz favor) – aquela onde me criei, joguei o peão e atirei o papagaio.

1977

Edição de Espaço do Invisível 2 e Espaço do Invisível 3.

Com outros intelectuais, visita a Alemanha Federal.

No dia 11 de setembro comparece na cerimónia, realizada na sua aldeia natal, de atribuição do seu nome à rua principal de Melo

Regressámos ontem de Melo. (…) Fomos no dia 9, sexta, por causa da cerimónia do dia 11. E a cerimónia foi o descerramento das lápides que dão o meu nome a uma rua de Melo (‘avenida’, se faz favor) – aquela onde me criei, joguei o peão e atirei o papagaio. Meteu entidades oficiais – presidente da Câmara, da Junta, da Assembleia de Freguesia. E povo a ver. Disse, no agradecimento, que sempre recusei ‘homenagens’; mas que recusar aquela seria grosseiro como recusar uma flor que uma criança colhesse no campo e nos viesse oferecer. Na realidade, foi tocante de singeleza – direi de ingenuidade? O meu nome numa rua de aldeia. Só sei reagir pelo sorriso. A ternura existe e é para mim o mais difícil de aguentar. (Conta-Corrente 2: 119-120)

1978

Curta-metragem de António Macedo sobre o conto “O Encontro”.

Participa no VI Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, em Assis, no Brasil:

A impressão mais forte, e no que se me refere, é a de que eu existo lá para muita gente com uma vitalidade impressionante. Criei-lhes um mundo e todo o problema estava em saber se eu era real. Eu próprio, em face disso, me perguntei se o era. As pessoas esquecem que esse mundo não era meu mas de um outro de mim que, se bem reparei, nem fora comigo em viagem. Ficou aqui, entre os pinheiros de Fontanelas ou no escritório de Lisboa, bisonho, secreto, transcendido á maravilha e ao encantamento, abismado na gravidade e mistério de tudo. O que em mim foi ao Brasil é um tipo fútil, laracheiro, convivente em pilhérias, mesmo quando o momento era mais sério do que isso. (Conta-Corrente 2: 213)

O espanhol F. Lázaro Carreter propõe o seu nome à Academia sueca para Prémio Nobel da Literatura.

1979

Sai o romance Signo Sinal.

Estou ansioso por ler. E o título, como disse também, lembra um pouco o Nítido Nulo. Mas não tenho outro à mão. Por ‘signo’ entendo uma orientação inconsciente, uma ordenação invisível; e, por ‘sinal, o que é da ordem da visibilidade. (Conta-Corrente 2: 241)

É agraciado com Ordem Militar de Sant’iago da Espada que distingue o mérito literário, científico e artístico.

Lauro António realiza o filme “Manhã Submersa” e o documentário “Vergílio Ferreira numa Manhã Submersa” que passa na RTP – Rádio Televisão Portuguesa como introdução ao filme que aí estreia, em episódios, antes da sua passagem pelo cinema. No filme, Vergílio Ferreira interpreta o papel do Reitor do Seminário:

Vi há dias as filmagens que já fiz para a Manhã Submersa. Lá estava o Reitor a enredar o miúdo e a recusar o perdão a um outro que não queria ser expulso. O Lauro António e toda a equipa acharam a atuação ‘brilhante’. Nunca ninguém me disse isso em relação a nada que tenha feito. E aí está como o meu destino devia era estar no Parque Meyer. (Conta-Corrente 2: 240)

Tradução em polaco da Aparição.

Capa do Filme “Manhã Submersa” de Lauro António, baseado no romance de Vergílio Ferreira

1980

Dedicatória a Eduardo Lourenço no livro Para Sempre:“À Annie e ao Eduardo esta dança de espetros como é próprio de um (quase) espetro com um abraço do mesmo – Lx. Dez.83”.

1980

Publicação do diário Conta-Corrente 1 (abrange os anos de 1969 a 1976). Surgem as traduções, em russo, de Aparição e Rápida, a Sombra.

1981

Sai Um escritor Apresenta-se, organizado e prefaciado por Maria da Glória Padrão.

Também neste ano publica o segundo volume de Conta-Corrente, agora referente ao período 1977- 1979.

Aposenta-se, aos 65 anos, da atividade de professor liceal, após quase quarenta anos de atividade.

1983

Publica o romance Para Sempre.

É agraciado com os Prémios Pen Club e da Associação Internacionais do Críticos Literários do Município de Lisboa.

Viaja à Grécia, Egito e Brasil.

Publica Conta-Corrente 3 (referente aos anos 1980 e 1981).

Lauro António realiza o filme “Mãe Genoveva”, baseado no conto com o mesmo nome de Vergílio Ferreira.

1984

Torna-se membro da Academia Brasileira de Letras.

Tradução para espanhol de Aparição.

1985

É orador em conferências realizadas em Toronto e em Providence.

Participa no Congresso da Associação dos Críticos Literários em Alma-Ata (URSS)

Marca igualmente presença no colóquio sobre literatura portuguesa contemporânea em Santa Bárbara – Califórnia.

Tradução de Alegria Breve para grego.

Sala Vergílio Ferreira, Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, Gouveia
Tem esta biblioteca o meu nome, o que muito me emociona. Porque de certo modo, sinto-me envolvido na sua ação cultural com a oferta dos seus livros à leitura e o resguardo deles contra a sua corrupção.

1986

Publicação de Conta – Corrente 4 (respeitante aos anos 1982-1983) e de Espaço Invisível IV.

É inaugurada, a 3 de novembro, a Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia.

Tem esta biblioteca o meu nome, o que muito me emociona. Porque de certo modo, sinto-me envolvido na sua ação cultural com a oferta dos seus livros à leitura e o resguardo deles contra a sua corrupção. Que os leitores correspondam ao convite que pela sua simples existência ela lhes faz e eles terão compreendido o prazer da leitura de um modo mais convincente do que eu tentei dizer. (Espaço do Invisível 5: 293)

Realiza-se, nessa e ainda em Gouveia, uma semana cultural inteiramente dedicada a Vergílio Ferreira que contou com a presença dos ensaístas Helder Godinho e Maria da Glória Padrão.

Edifício da Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, Gouveia

Recebe o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores pelo romance Até ao Fim. Na Cerimónia, realizada em Tróia e presidida por Mário Soares, assistiu o conhecido ator de cinema, Robert Mitchum (1917-1997)

1987

Publicação do romance Até ao Fim.

1988

Tradução do romance Para Sempre para francês.

Edita o ensaio Arte Tempo.

1989

Tradução francesa de Manhã Submersa.

1990

Recebe o importante Prémio Fémina, em França, pela tradução de Manhã Submersa.

Sai o romance Em Nome da Terra.

1991

Pelo conjunto da sua obra literária é-lhe atribuído, em Bruxelas, o Prémio Europália.

Entre 19 e 21 de setembro é homenageado em Bordéus, por iniciativa de Sylviane Sambor, com colóquios sobre a sua obra e a publicação de uma brochura com palavras de saudação de Jacques Chaban-Delmas. Participam, para além do autor, Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho e Robert Bréchon, entre outros.

1992

Edita Pensar.

É eleito para a Academia das Ciências de Lisboa.

Recebe o Prémio Camões.

1993

Saem os dois primeiros volumes de Conta-Corrente Nova Série, respeitantes aos anos de 1989 e 1990.

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto promove, na Fundação Eng.º António de Almeida, um Colóquio sobre Vergílio Ferreira de homenagem aos seus cinquenta anos de vida literária.

É publicada uma edição especial comemorativa do romance Para Sempre, com prefácio de Fernanda Irene Fonseca e ilustrada por Júlio Resende.

Em França é editada a tradução de Para Sempre na coleção 10/18.

Publica o romance Na Tua Face.

Doutoramento Honoris Causa atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

1994

Publicação de: Conta-Corrente Nova Série III e IV, respeitantes aos anos de 1991 e 1992.

Recebe o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores pelo romance Na Tua Face.

Cerimónia de apresentação da edição especial comemorativa do romance Para Sempre, com prefácio de Fernanda Irene Fonseca e ilustrada por Júlio Resende, 1993.

Vergílio Ferreira, busto em bronze do escultor Fernando Fernandes

1995

Participa no descerramento do Busto, na Praça D. Pedro, em Gouveia.

Confidenciei a alguns amigos que iria ter um busto (ou cabeça) numa praça pública de Gouveia. E percebi que esses amigos se sentiam embaraçados com o que para eles seria um despropósito. Ou uma imensa vaidade minha. entendi então que teria de defender-me e adiantei que e vira em face de um facto consumado e me era penoso dececionar quem tivesse uma gentileza comigo. Além de que, tendo eu também um busto na Biblioteca, sem reserva de ninguém, não entendia que o não pudesse ter igualmente neste largo. A única diferença é que o da Biblioteca não apanha sol ou chuva e este está sujeito às intempéries… (Espaço do Invisível 5: 295)

Participa, no dia 10 setembro, na Homenagem a Eduardo Lourenço promovida pela Câmara Municipal da Guarda, pelos seus cinquenta anos de vida literária.

No mesmo dia é inaugurada a Sala Vergílio Ferreira, na Biblioteca de Gouveia com o seu nome, contando com a presença do escritor e do Presidente da República Mário Soares.

1996

É homenageado, por ocasião dos seus 80 anos, pela Universidade de Évora e pela Universidade Católica de Viseu, tendo estado presente na homenagem desta última, onde foram apresentadas a edição contendo as atas do Colóquio de Homenagem do Porto, realizado em 1993, e a brochura do seu Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Coimbra.

A vida. Tão pouco e tão tanto. Que importância, em face disso, tem o minimal acidente de se terem, como eu, oitenta anos? (Espaço do Invisível 5: 280)

Morre em Lisboa, no dia 1 de março, no dia em que ia a enterrar o seu irmão mais novo, César Ferreira.

Como sempre foi o seu desejo, o corpo segue para o cemitério de Nabainhos-Melo, onde é enterrado no dia seguinte.

É publicado postumamente o livro Cartas a Sandra, continuação epistolar de Para Sempre.

Notícias

Nos 75 anos de “O Caminho Fica Longe”31 Julho, 2018 - 15:29
Entrega do Prémio Literário Vergílio ferreira 2018 -Ensaio31 Julho, 2018 - 14:46

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