Ficha Técnica
Na Tua Face, Ed. Bertrand, Lisboa, 1993
Na Tua Face
“Acabou o tempo da beleza raquítica e pindérica, da harmonia pirosa convencionada como tirar o chapéu que já ninguém usa, da expropriação da vossa ontologia, da marginalização da vossa verdade natural, da afirmação exclusivista da luz, da exclusão do estrume para a estrumeira municipal depois de servidas as flores com que os exploradores se enfeitam, (…) Hoje é o tempo da treva, do disforme, do ódio que gera a disformidade para a haver quando a não há, da glorificação da sordidez e do horror, da reabilitação do excremento para ele ser também filho de Deus e Deus se não queixar de lho quererem roubar, da extensão da maravilha ao que está antes de ela ser e se cumpre na vida como um intestino grosso.” (Vergílio Ferreira, Na Tua Face, 69)
“Trago em mim o meu tempo de horror. Da verdade da vida que é essa. Não a da chamada beleza, essa coisa linfática delicada pindérica. O feio o horrível, porquê horrível? porquê belo? Foi o homem que o criou e o homem está morto.” (Na Tua Face, p. 128)